20ª edição acontecerá no CineSesc e no CCBB SP. A abertura terá exibição do filme inédito “Tudo o que resta de você”, da diretora palestino-americana Cherien Dabis. A programação inclui ainda debates e obras que marcaram estas duas décadas, como o filme “Cinco Câmaras Quebradas”.
São 22 países, desde o Norte da África até o Levante e Península Arábica, trazidos para as telas de cinema ao longo desses 20 anos, numa iniciativa que se consolidou no calendário cultural de São Paulo. “É um feito fantástico. Começamos com apenas cinco filmes e um deles era muito emblemático, vinha no momento da criação no Instituto da Cultura Árabe, “Selves and Others: a portrait of Edward Saïd”, o intelectual que inspirou a fundação do ICArabe. Esta produção trouxe para nós uma perspectiva muito importante também da atuação de nosso Instituto, sempre voltado para cultura, trazendo contribuições intelectuais importantes do mundo, artistas e escritores como Milton Hatoum, entre tantas outras pessoas que contribuíram para que a Mostra chegasse até aqui”, ressalta Soraya Smaili, membro do grupo fundador do Instituto da Cultura Árabe e idealizadora da Mostra.
A realização da Mostra por duas décadas demonstra o interesse do público brasileiro em conhecer mais de perto a realidade dos países árabes. Ao longo dos anos, espectadores do cinema têm se engajado e envolvido, não apenas com os aspectos culturais trazidos pelos filmes, mas também com realidades apresentadas nas telas, como a que vive a Palestina.
Com curadoria de Arthur Jafet, esta edição propõe uma travessia entre o íntimo e o político, entre memórias dispersas e futuros por imaginar. “Em sua 20ª edição, a Mostra Mundo Árabe de Cinema convida o público a atravessar imagens que resistem ao apagamento — e a escutar o que ainda pulsa. Imagens de arquivo, gestos cotidianos e estruturas em ruínas desenham territórios fragmentados, marcados por ausência e permanência. Ao invés de respostas, os filmes oferecem escuta — e fazem do cinema um lugar onde lembrar, resistir e reconstruir tornam-se inseparáveis. Entre espectros, deslocamentos e arquiteturas do visível, o mundo árabe reaparece como linguagem em disputa. O que resta de nós, quando tudo parece ter sido tomado?”, questiona o curador.